UM BLOG DEDICADO AO SURREALISMO DA MINHA MENTE. COM POEMAS, SONHOS E TEXTOS.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Um conto...


Havia um corpo pelo caminho, jogado pelo chão
E o meu desejo era de tocá-lo
E o luar místico, a contemplar o que estava por vir
A libído é o pior dos venenos
E a luxúria a pior das drogas
Mesclando com o amor pelo mórbido
A paixão pela morte

Toquei suavemente sua pele
Para sentir sua temperatura
Estava morto...
Frio e pálido como um cristal de gelo
Seus lábios ainda estavam corados
Parecia ter um resto de vida
Fora morto a pouco
Suas roupas estavam remexidas
Como se alguém tivesse procurado algo, ferozmente
Debrucei-me sobre o corpo e abri sua camisa preta de seda, seda igual a de sua pele
Toquei aquela seda branca e morta
Como se também estivesseprocurando algo
E realmente estava, procurando por satisfação
Uma mancha rósea quebrava a monotonia do branco, e logo outra
As duas auréolas rosáceas localizadas em seu peito me faziam querer saboreá-los
Delicadamente pousei meus lábios e senti o sabor da morte

Nunca havia tido uma experiência como aquela
Obviamente aquele corpo não se movia ao se sentir tocado
E isso me criava mais devaneios e delírios
Olhei para a figura estática do homem sobre o qual estava debruçada
Cabelos negros, lisos, compridos
Olhos azuis, nariz afilado, boca pequena
Seria um anjo? Ora! Anjos não morrem!
Continuei meu deleite...
Tocando seu rosto perfeito, fechando os olhos para poder gravar aquela imagem para a eternidade
Percorri com as mãos o caminho até chegar ao botão da calça de vinil, que se encontrava aberta
terminei de abrí-la e fui puxando vagarosamente, até me deparar com uma roupa de baixo negra também

Parecia que uma corrente elétrica passava por dentro de mim...
E que borboletas dançavam em meu estômago
Descí suas vestes íntimas e com as mãos inspecionei o "produto"
Minha respiração começava a se tornar ofegante
Me despi de parte de minhas vestes e me coloquei sobre ele
Ainda uma vez alisei seu peito, seus braços, seu rosto
E finalmente deixei meu corpo descer sobre o do homem desconhecido, nos encaixando

Um êxtase divino, ou talvez diabólico percorria todo meu corpo
E apenas eu me movimentava, jogando meus quadris ora para um lado ora para o outro
Ao sentir o calafrio máximo que a luxúria nos permite, senti também um calor emanando do outro corpo
Impossível!
Me entreguei totalmente aos meus mais mórbidos desejos
Não continha mais meus suspiros e gemidos, pousei meus lábios sobre os do corpo estático
Abrindo levemente seus lábios e introduzindo o elo de ligação das almas
Almas? Somente a minha estava ali
Parecia que seria eterno aquele momento intenso de volúpia
Sombria volúpia...

O corpo sob o meu se moveu com os meus bruscos movimentos
As línguas se enroscavam e os corpos se mexiam, era o meu intenso deleite que provocava aquilo tudo
E aquela parte morta, totalmente sem vida provocava dentro de mim um calor febril
Um desejo selvagem

Estava eu lá...
Amando um cadáver em meio a um beco sombrio...
Enquanto os inocentes moradores de uma grande cidade
Dormiam em suas casas
Sem testemunhar o mais grotesco caso de amor do qual já tiveram notícia.



Bi Manson