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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Carta à impotência

A pornografia me tira do tédio. Eu faço sexo com estranhos para não me lembrar de sua impotência diante de mim. Sua falta de caráter e suas caras monótonas. Eu me vendo quando sei que você não está querendo me comprar.

Fico horas olhando para você na cama ao meu lado imaginando formas de te matar. Formas de desligar seu corpo e socá-lo num freezer. Abrir quando sentir saudades.

Imagino quando eu te toco e você se esquiva como se eu fosse aquele velho pervertido que te tocou na infância. Tudo que tentei foi te amar e ganhei seu eterno escárnio.

Entro nos sites pornográfico equanto você toma banho, assim consigo ter algum prazer. E você volta nu e me encarando, sabendo que fracassa enquanto homem. Enquanto ser humano. Ah se eu estivesse falando somente de sexo.

Acesso esses bate-papos e marco encontros e você acha que estou sempre lendo meus e-mails, marcando visitas técnicas. Eu abuso da sua ingenuidade, da sua pureza e da sua burrice.

Faço sons exagerados quando você me toca, mascarando meu nojo. Me sinto sozinha estando ao seu lado, pois é tão nulo quanto aquele zero que se vai à esquerda, do qual podemos nos desfazer somente usando o ponto.

Te imagino chorando desesperado, fazendo drama ao saber que mantenho relações com aquele seu amigo. Quando nós transamos e eu digo seu nome e nós caímos sempre na risada.

Às vezes tudo me causa remorso e me pego olhando para ti enquanto fuma. Dou-lhe um beijo no rosto e sinto seu gosto insosso. Nunca tem reações, se parece com um homem de lata. Somente as tem quando te ameaço e se põe a tremer.



Como pode ser assim? Como pode querer viver assim? Sei que nenhuma outra pessoa te interessa tanto quanto eu. Mas gosta de viver consigo mesmo e de me prender em sua vida sem graça. Com seu sorriso sem graça. Com sua impotência diante de mim.

Sua irmã veio ao nosso quarto e fez o que você não faz. Eu comi aquela prostituta barata no dia que disse que ia sair com uma amiga.

Sexo... se fosse só isso o que procuro por aí. Você não me dá nada, nem o básico, nada meu querido. Tudo o que tenho é o que mendigo pelas noites, é o que compro, é o que vendo de mim.

Suas partes já adormeceram pois sabem que quando acordam não conseguem se manter até o fim. Essa é a sua forma de dizer que tudo acabou, mas é tão covarde que não consegue se desligar.

Já te disse adeus umas quinhentas vezes... E como uma garotinha assustada só sabe dizer 'não me abandone'. Não sabe viver abandonado à própria sorte, mas me limita a viver assim.

Estando com você ou com um dildo, não faz muita diferença, a não ser que o material é reciclável.

O inferno está entre nós a tempos e nossos anjos já foram prostituídos. Perdemos. Perdemos faz tempo meu querido. E onde estão os que virão nos escravizar? Os que virão pilhar nossos bens? Que virão estuprar nossas mentes com suas mentiras vazias?

Qual a próxima desventura? Com tantos pontos ruins ainda não vê que seu reino se desfez? Que suas crianças são vendidas para seu inimigo? que sua esposa dorme na cama de outro rei?

Está cego demais para ver além de seu próprio falo semi-morto.