UM BLOG DEDICADO AO SURREALISMO DA MINHA MENTE. COM POEMAS, SONHOS E TEXTOS.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Chamam-no anjo

Botão de rosa branca
Assim como poderia lhe descrever
Luz branca que adentrava pela janela

Estava perdido
Estava a me chamar
Ouvia vagamente

Seus risos
Não entendia-os
Estenda-me suas mãos
Não te vejo

Era somente uma luz a me olhar
Gritos incessantes,
Atravessavam meus tímpanos

Em outra dimensão...
Estava morto, querido

Vinde a mim
Cuidarei de sua alma
Te rezo mil preces
Te jogo um encanto

Mil anjos caíram contigo
Mas fora o escolhido
Cortaram-lhe as asas
Roubaram-lhe a alma

Pregaram-te na cruz
E eu não posso mais sentir
Uma parte de mim se foi

Os matarei!
E guardarei a besta em mim
Sou o pesadelo
Uma sucubus que os atraiu

Venha meu anjo
Deixe-me curá-lo
Segurar tuas mãos
Atar os nós de suas memórias

Anda esquecendo-se
De quem fora um dia
Um pobre mortal
Ainda sou assim como me fizeste

Me salva que te salvo das feras
E das descrenças
Das mentiras
Dos exageros

Eu sei que pede socorro
Calado e sombrio
Levante-se e volte
Venha me iluminar

És meu anjo
Para todo o sempre
E sou a tua fera
A ser domada

Caminhemos juntos
Sangue vermelho
Mãos entrelaçadas
Olhos risonhos
Sozinhos e salvos
Para o fim da estrada


*Lembrou-me depois essa música:



[Eu Perdoei Jesus] [I have forgiven Jesus]

Eu fui um bom garoto
Eu não te faria nenhum dano
Eu fui um garoto legal
Com uma rota legal de entrega de jornais
Perdoe-me qualquer dor
Que eu possa ter te trazido
Com ajuda de Deus, eu sei
Sempre estarei perto de você

Mas Jesus me magoou
Quando me abandonou, mas
Eu perdoei Jesus
Por todo o desejo
Que ele colocou em mim
Quando não há nada que eu possa fazer
Com esse desejo

Eu fui um bom garoto
Através do granizo e da neve
Eu iria apenas para te ultrajar
Eu carreguei meu coração em minhas mãos
Você compreende?
Você compreende?

Mas Jesus me magoou
Quando me abandonou, mas
Eu perdoei Jesus
Por todo o amor
Que ele colocou em mim
Quando não há ninguém para quem eu possa me voltar
Com este amor

Segunda - humilhação
Terça - sufocamento
Quarta - condescendência
Quinta - é patético
Lá pela sexta - a vida me matou
Lá pela sexta - a vida me matou
(Oh, lindo,
Oh, lindo)

Por que você me deu tanto desejo?
Quando não tenho aonde ir
Para descarregar este desejo?
E por que você me deu tanto amor
Num mundo sem amor
Quando não há ninguém para quem eu possa voltar
Para liberar todo esse amor?

E por que você me mutila
Com ossos e pele auto-depreciativos?
Jesus, você me odeia?
Por que você me mutila
Com ossos e pele auto-depreciativos?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?
Você me odeia?

domingo, 21 de novembro de 2010

Nero [e eu]


Nero me queima
Com a loucura nos olhos
Tocando sua lira
E com um sorriso incandescente

Nero me acendeu
E me pôs a dançar
Com uma das mãos me girava
Ainda a tocar

Incitava o caos
O fogo se alastrando
Senhoras pedindo
'Salvem a moça'

Me deixem queimar
Queimo em rodopios
Nero, querido
Toque outra nota

Está louca
Está morrendo
Dançando loucamente

Trouxe-me uma taça de vinho
'Beba, querida'
E o fogo consumia
E o corpo ardia

Toma-me!
Toca-me!
Queima-me!

Nero está em chamas...
E deseja queimar tudo ao seu redor

E o fogo consome
O monumento
A cidade
O homem

Nero dos olhos vermelhos
Do corpo queimado
Da lira em cinzas

Poeira nos ventos
Era Nero e eu
Loucos amantes do fogo

Tudo ruíra
Como nossa mente no chumbo
Como o vinho se espalhando
No silêncio taciturno

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lembra-te Dolores?


A manivela que girava a máquina
Girava todas as engrenagens
Girava ao meu redor
Projetava sua imagem

Na praia correndo
Acena pra câmera
E mostrava a língua

Garota pura
Que nunca irá me amar
Tira o soutien do biquíni
E corre direto pro mar

Lolita me espere!
Levanto gritando
A câmera vai ao chão
E a fita gravando

Com as tranças a rodar
A meninice desgastada
Era só ela e o mar
Era a praia e a enseada

Ela pulava em mim
E a fazia girar
Tão leve e angelical
Quem a chamaria vulgar?

Onda vai e onda vem
Meus olhos marejam
Preta fica a tela
Mas lá fora as plantas verdejam

Pois lá está
Lolita a pular
É somente uma lembrança
A levada e inquieta criança

Lolita onde estará?
E eu que nem mais vivo
Fiz a vida parar

Pare a sua, querida
Seja sempre a menina
Minha Lo, minha ninfa

Tenho mulheres
Crescidas, adultas
Mas nada me serve
A dama, a culta

Maldito sou
Um pederasta
Eu queria matá-la
Como nos filmes

Não seria mais abusada
Lo, quanta dor eu sinto
Por pensar, por sentir
Lo, estou doente

Demente...
Mataria...
Lo...
Minha Lo...

Estou morto aqui
Volte e me enterre
Em você, querida
Em sua ferida

Curemos
Um ao outro
Matemos desejos
Vivemos de novo

Aperte o replay
Tudo de novo
E sua boca de cereja
Ela lembrará o caminho

Sozinhos
Sem mundo
Sem tempo
Somente nós
Em nós mesmos

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Tela à mostra


A sua arte me cega
Sou obrigada a seguir tocando
Procurando na escuridão

Qual será a beleza revelada?
Ou não passará de uma maçã podre?
Ainda assim, bela

Sensível, aterradora
Comum, conceitual

Me diga qual o seu preceito
E eu te digo, é tudo igual

A sua arte me cega
Ela segue a mesma regra
Me acolhe e me entrega

A sua arte me estraga!

Me rasga, me espalha
É o poço do ócio
É pura migalha

Puramente híbrida
Libidinosamente frígida

Se esparrama e se recolhe
Seu desenho me escolhe
Me risca por inteiro
Sem borracha e sem permeio

É por isso que anseio
Sua arte é devaneio!

Ela vem me consumir
Na escuridão dentro de ti
Passa por mim num feixo de luz

És tu, seu cão andaluz!

Ainda vai me matar,
Essa coisa de pintar no escuro
De virar meu mundo
E me fazer teu escudo

A sua arte me denigre
Nua aos seus pés
Como se fosse somente sua
E ousa chamar-me santa

Ela ainda me romperá
E te jogarei ao mar
Junto com suas molduras
E suas tintas desvanecidas

Destruirei ainda tuas obras
Telas, cavaletes e pincéis

Atearei fogo em seu ateliê
Sua arte me enoja
Me fascina e me encoraja
Me confunde, me apavora

Sua arte é vulgar!
Desejo tonto e fugaz
Que se levante e se vá
Cansado, de tanto me amar

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

_fragmentos: Outubro

[...]
E eu perguntei à ele, qual era o segredo para se manter bem, feliz, sem abalos durante o dia:
"Administre placebos a cada vinte e duas horas, assim atinge-se a estabilidade emocional". Parece fazer algum sentido, já tenho meus placebos, somente usá-los. Terminei a oração.

♪:
"Tente despertar
Do sono escuro onde você se acomodou
Um dia quero ouvir a sua voz bem alta
E não ter que sentir pena..." [Luxúria], que anda descrevendo os fatos.

E o mês foi propício:

Morgenstern - Rammstein
Te Quiero Puta - Rammstein
Super Taranta! - Gogol Bordello
Super Theory of super Everything - Gogol Bordello
Catch - The Cure
The 13th - The Cure
Maria - Blondie
Strange Love - Koop
A Dama de Ouro - Zéu Britto
Tu Vuo' Fa' Americano - Renato Carosone
Elephant Gun - Beirut

Mais Gipsy impossível e Frida Kahlo ficou me atordoando com suas cores vibrantes e sua bissexualidade assumida.

Livro:
Abandonado após cinco páginas, há sete anos atrás. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley. Quase no fim e ansiando pelo meu querido Darwin (A Origem das Espécies)!

Por aí, o que eu vejo são pessoas sós, cada uma é só uma unidade que não compõe um todo. Ninguém nem vê a cidade, nem quem nela mora. Eu ainda tento me sentir parte dela, a cada passo. E deixando a timidez escessiva de lado. Músicas para a alma e para o corpo nas noitadas por aí.

As que eu nem podia ouvir:

Like a Hurricane - The Mission
Dancing Barefoot - The Mission (Patti Smith cover)

Duendes queridos!! Me enlouquecem e me ajudam! Mais maçãs próximo mês!!
E mais surpresas!

[...]
Mas somente placebo, é paliativo não? - Pergunto.
- Sim, encontre sua cura! Sabe que ela está mais perto do que imagina. Sabe que precisa reagir. Eu sou somente um anjo, te cuido enquanto se aventura, no escuro, no claro, na chuva...



_fragmentos: Outubro