UM BLOG DEDICADO AO SURREALISMO DA MINHA MENTE. COM POEMAS, SONHOS E TEXTOS.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Tela à mostra


A sua arte me cega
Sou obrigada a seguir tocando
Procurando na escuridão

Qual será a beleza revelada?
Ou não passará de uma maçã podre?
Ainda assim, bela

Sensível, aterradora
Comum, conceitual

Me diga qual o seu preceito
E eu te digo, é tudo igual

A sua arte me cega
Ela segue a mesma regra
Me acolhe e me entrega

A sua arte me estraga!

Me rasga, me espalha
É o poço do ócio
É pura migalha

Puramente híbrida
Libidinosamente frígida

Se esparrama e se recolhe
Seu desenho me escolhe
Me risca por inteiro
Sem borracha e sem permeio

É por isso que anseio
Sua arte é devaneio!

Ela vem me consumir
Na escuridão dentro de ti
Passa por mim num feixo de luz

És tu, seu cão andaluz!

Ainda vai me matar,
Essa coisa de pintar no escuro
De virar meu mundo
E me fazer teu escudo

A sua arte me denigre
Nua aos seus pés
Como se fosse somente sua
E ousa chamar-me santa

Ela ainda me romperá
E te jogarei ao mar
Junto com suas molduras
E suas tintas desvanecidas

Destruirei ainda tuas obras
Telas, cavaletes e pincéis

Atearei fogo em seu ateliê
Sua arte me enoja
Me fascina e me encoraja
Me confunde, me apavora

Sua arte é vulgar!
Desejo tonto e fugaz
Que se levante e se vá
Cansado, de tanto me amar