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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Um anjo que morreu de raiva



Um anjo que morreu de raiva... Assim foi queimado pelo seu ódio.
Tentando acreditar que tudo se resolveria, que daria certo.
Permitiu dar-lhe quantas chances fossem precisas e falhou em todas elas.
Ele olhava precipício abaixo, balançava. Sua garganta seca.

O vento forte empurrava seu corpo, que resistia.
Uma pedra cai e se estoura no chão, lá longe.
Gritava como se fosse explodir.
Tudo saira de seus planos. Tudo foi pelos ares.

Uma bomba atômica em sua vida.
E o amor que nunca existiu, jamais lhe apareceria.
Ele tentou acreditar, tentou se entregar.
E acabou com uma grande lança no peito.

Sua ferida aberta e exposta ao sol.
Mas a dor não era maior que seu ódio corrosivo.
Corroía tudo e se preparava para tomar sua vida.
Balançou e seus pés não o deixaram escorregar.

Sentia medo e vontade. Queria de vez acabar.
Seu corpo a oscilar e seus gritos a se calar.
O sangue lhe escorria e a roupa colava e quase se arrebentava.

Deu um último urro! Olhou para os céus e blasfemou.
Renunciou tudo e todos. Arrancou a lança e jogou-a em Deus.
Respirou ofegante e seus sentidos se perderam.
Deu um impulso e pulou!

De olhos fechados sentia o vento passar dentro de si.
A pressão do ar contra seu corpo e a gravidade.
Tudo passava pela sua cabeça e pensou que já se separava de sua alma.
O peito se apertou e a queda foi inevitável.

Mas suas asas se abriram. E ele voou.
Foi pairando e a consciência voltando.
A lança atravessou suas mãos.
E ele agradeceu.


* Baseado na música "Ódio", Luxúria.