UM BLOG DEDICADO AO SURREALISMO DA MINHA MENTE. COM POEMAS, SONHOS E TEXTOS.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Casa Velha



A Sala fica vazia
Mas eu ainda estou lá
Antes do acontecido
Nada me prendia
Hoje me encontro no vazio a esperar

O mundo corrido me deixou mais sossegada
Mas ainda não consigo deitar e dormir
De noite surge tudo o que não me passou durante o dia

Aquela sala continua vazia...
E seus móveis continuam os mesmos
A penumbra é a mesma

As coisas andam sem cor lá fora
Será que drenaram as cores da vida?
Não me incomodo, pois daqui não sairei

Estou a esperar...
Já faz tanto tempo
Nem sei precisar quanto
Talvez alguns anos

A sala está fria
Com suas paredes verdes
Com seu piso de madeira escura
Com a lareira inutilizada

Pela janela se vê a neblina
E nem estamos no inverno
Talvez só queira avisar
Que os sonhos foram dissolvidos

O teto está tão velho
Cairia sobre minha cabeça
O relógio está parado
E a cortina nem se movimenta

Se ouve barulho de carro
Tão velho quanto essa casa
Gente sai e gente entra pelas casas
Mas ninguém se cumprimenta

Ainda espero...
Mesmo que pela eternidade
Mantendo a castidade da minha palavra
Vou esperar

Na sala escura e mofada
No tapete gasto
Ao pé da mesa roída
Olhando a luz fraca do abajur

Barulho na escada
Gente chegando
Não...
Era o gato entrando pela portinhola

Do chão se vê o teto
Suas molduras
A tinta gasta do batente das portas
As janelas fechadas
Com a exceção de uma
A única que mesmo daqui vejo o luar

Nem que seja uma míngua de lua
O brilho chega até mim
E ilumina meus cabelos esparramados
Meu corpo largado
Torcido para a direção da porta

O silêncio é ruidoso
Nessa calada atmosfera
Tudo é tão mudo
Nem sequer um miado

Eu disse
Vou esperando
E observando
Posso narrar tudo o que vejo
Durante mais 30 anos
E ainda terei mais o que narrar
Cada detalhe me chama atenção

Um filete de ouro no rodapé
Um veio de madeira em forma curva
Um arranhão no pé da poltrona
Um vidro trincado da cristaleira

Minhas botas jogadas perto da porta
Minha bolsa em cima da mesa de centro
Um livro embaixo do sofá
Um gato a me olhar

Um Jesus me estendendo as mãos
Um outro quadro com senhoras pintadas
O papel de parede com desenho de flor de lis
O velho baú ao canto da sala

As cadeiras com o estofado desfiado
As janelas escuras com o verniz descascado
O vidro embaçado, a lua a me olhar

Já está na hora de aquecer o coração dessa velha casa
Tentarei acender a lareira
Com meu isqueiro e as folhas do diário
Que não servem mais para nada
Além de lembrar os fatos não ocorridos

E vou destacando as paginas
A festa que não aconteceu
O encontro que não vingou
O presente que não chegou
A música que não ouvi
O crepúsculo que não presenciei
O horizonte que não busquei
A poesia que não escrevi
A carta que não mandei
O livro que não li
O rapaz que não amei
A dama que não fui

O olhar que não deixei
A cama que não arrumei
O juízo que não me apareceu
O calor que não resfriei
A nudez que não pedi

Foi o único dos não ocorridos que fizeram menção de um fato
O resto foi ensaio
E não saiu do papel
E se agora sai
Vai para o fogo
Para aquecer meu corpo
Para que tenha força para lutar pelo que ainda lhe resta
O que ainda está por vir
Que não ficará na página de um caderno qualquer de anotações


Fim do Primeiro Capítulo
Bi Manson

domingo, 29 de novembro de 2009

Um lugar na sujeira

Essa é a tradução do título do blog... Por que "um lugar na sujeira"?
A internet é em si uma grande sujeira, uma grande lixeira onde achamos pesquisas abandonadas, artes decadentes, textos inúteis, pornografia, pedofilia, crimes em geral. Mas como numa lata de lixo, encontramos coisas aproveitáveis, que foram descartadas por alguém que as achava inúteis ou já com o propósito de serem encontradas.
O mundo é uma grande sujeira, e esse espaço é um lugar nessa imundice, onde posso descartar o que me aflige... Descarto coisas boas também e espero que estas principalmente, sejam encontradas.

"A Place In The Dirt" para quem não conhece, é uma música de um cantor que admiro muito, em todos os aspectos: Marilyn Manson. Já devia ter colocado a origem do nome do blog desde o começo, mas sabem como são as coisas... (rs)

Aqui está a tradução e em seguida a letra original juntamente com a música em si:

Um Lugar Na Sujeira
.
Estamos condenados e estamos mortos
Todos os filhos de Deus vão ser enviados
Para nosso lugar perfeito no Sol
E na sujeira
.
Há um pára-brisa no meu coração
Somos insetos tão manchados e marcados
E você poderia nos fazer parar de pensar
Antes que eu engula tudo isso?
Você poderia por favor?
.
Me ponha no desfile de carros
Me ponha na parada da morte
Me vista e me leve
Me vista e me faça
Seu Deus moribundo
.
Anjos com agulhas
Furando nossos olhos
Deixe a luz feiado mundo entrar
Não somos mais cegos
Não somos mais cegos
.
Me ponha no desfile de carros
Me ponha na parada da morte
Me vista e me leve
Me vista e me faça
Seu Deus moribundo
.
Agora nós sustentamos a "cabeça feia"
A Prostituta Maria está na cama
Eles fizeram sombra da nossa morte perfeita
No sol e na sujeira

.




A Place In The Dirt
.
We are damned and we are dead
All god's children to be sent
To our perfect place in the sun
An in the dirt
.
There's a windshield in my heart

We are bugs so smeared and scarred
And could you stop the meat from thinking
Before I swallow all of it,
Could you please?
.
Put me in the motorcade
Put me in the death parade
Dress me up and take me
Dress me up and make me
Your dying god
.
Angels with needles
Poked through our eyes
Let the ugly light
Of the world in
We were no longer blind
We were no longer blind
.
Put me in the motorcade
Put me in the death parade
Dress me up and take me
Dress me up and make me
Your dying god
.
Now we hold the "ugly head"
The Mary-whore is at the bed
They've cast the shadow of our perfect deat
Hin the sun and in the dirt
.

De certa forma um retrato doentio do mundo.

Um dia a cura chega... Enquanto não...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Nobre decadência


Posso despir-me de minhas asas?
Meus atributos te agradam?
Vestido lilás atirado ao chão
Rubro amor de verão
.
Sonhos incandescentes
Semblantes atraentes
.
Vamos ao encontro dessa divina festa
Comemoremos teus encantos
Ou o pouco que lhe resta
Deixemos nossos rastros pelos cantos
.
Cantem comigo a canção embriagada
Dancem o martírio, a ascenção e a tomada
.
Pelos tapetes vermelhos
Esquecidas as purpurinas
Em algum vestido da jovem dama desarrumada
Não encontra-se mais a menina
.
É esse o som que o amor nos faz dançar
Os ruídos da loucura
Quem vai nos calar?
.
Esbórnia!
.
Tire suas mãos sujas de minhas ligas
Uma ex donzela intriga
A sanidade se vai e logo começam as brigas
.
Vinho e sujeira por todo lado
Damas e senhores bêbados
Até nobreza afogando-se no lago
.
Vão-se embora!
Vão-se agora!
.
Fim de festa
Fim da escória
.
Me ajude a vestir minhas asas?
Te ajudei afogar tuas mágoas
O amor se torna azul
Meu corpo ainda nu
Precisa chegar em casa

Bi Manson

sábado, 24 de outubro de 2009

Uma noite eu...




Tentei me tornar outra pessoa
Me tornar você
Me tornar ela
Me tornar uma estrela
.
Mesmo que decadente
.
Tentei ser presente
Tentei ficar contente
Tentei ser transparente
.
Tentei arrancar os dentes
.
Procurei desvestir minha pele
Procurei defender tua tese
Procurei amar aos tolos
.
Acabei buscando um mundo
.
Mundo verde mundo azul
Mundo branco mundo nu
Sem cabelos sem vestígios
.
Alimentando meus próprios vícios
.
Te digo uma coisa
Te conto uma história
Te apago a memória
Te julgo e te devoro
.
Um dia eu desmorono
.
E esse dia será amanhã
.
Sem mais delongas...
Você se foi num dia de verão?
Você nunca esteve aqui
Você sou eu
E eu nunca existi
.
Sumimos juntos no vale das sombras
Desejos traumáticos que se foram
.
Eu fui a escuridão
Eu fui a lucidez
Eu fui a loucura
Eu fui o fogo divino
.
Eu fui
.
E não voltei
Bi Manson

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um conto do Acaso



Dançou comigo. Naquela noite foi a primeira e a única. Desapareceu por entre a fumaça.
Não esperou que lhe dissesse meu nome, não fui a única.
.
Antes olhou-me nos olhos, mas quis evitar.
Desviei o olhar para um rosto jovem porém acabado que estava na direção oposta,
dançava sem pudor algum.

.
Puxou-me pelas mãos, sim, a garota! Queria minha atenção?
Não, estava somente a procura de um par.
Logo eu, que nem sei dançar.

.
Queria sair da pista, então dei-lhe um puxão.
Não me tire daqui! - disse tentando me fazer ouvir.

.
Soltei suas mãos e saí. subi as escadas. Passei pelo bar.
Sentei num lugar vago.
Apaguei por uns minutos, creio que não tenha passado muito tempo.
.
Acordei confusa e sonolenta com uma mão a roçar nas minhas.
Olhei repentinamente para o lado.
Aê! Acordou! - um semblante muito animado me dizia.
.
Me fez mil perguntas. Qual seu nome.
Está gostando da balada. Curte tal banda.
Não respondi uma sequer.
As pausas se tornaram maiores entre uma pergunta e outra.
.
Tá sozinha? Depois dessa um beijo, ou um quase beijo.
Empurrei-o e me levantei.
Voltei à pista. Tudo se movia com rastros.
Colocaram algo na bebida. Mas, nem descuidei do copo...
.
Ouço um "você!" sussurrado ao ouvido. Virei-me. A garota!
Dança essa comigo! -disse.
Dancei ainda que descoordenadamente, me guiando pelos movimentos dela.
.
Você não parece bem. foi a última coisa que ouvi, depois disso,
já estava num sofá meio que deitada e ela a me segurar, me dava água.
.
Por que justo no dia que eu estava desacompanhada me acontece uma dessas?
O destino prepara cada cilada.
.
Só foi ouvir "Dance the ghost with me" do refrão que levantei de sopetão e
puxei-a pelos braços fortemente.
Sussurrei "Dance a morte comigo?", ela sorriu.
Me sentia melhor. A música perfeita, o momento perfeito.
Procurou com os lábios meu ouvido, para sussurrar algo...
Mas por um deslize encontrou os meus.
.
Cantamos ferozmente olhando-se nos olhos, quase que gritando, energicamente.
.
Jogou-me no sofá e se jogou em seguida, lado a lado,
totalmente relaxadas de pernas abertas, meias desfiadas,
coturnos pisoteados, maquiagem escorrida.
Só ouviamos de relance comentários sujos de alguns caras.
.
Um se atreveu e soquei-o! A garota caíra deitada de lado no sofá,
antes se apoiava em mim.
Voltei, deitei sua cabeleira negra em meu colo e adormeci também.
.
Acordei caída sobre seu corpo, sentindo ela se movendo,
na tentativa de se levantar. Busquei refrigerante.
Na fila me aparece um cover bem feito de M.M,
olhou para mim...
Retribuí. Me beijou com fervura, tentou avançar... avançou,
mas na fila não pode-se fazer muito. Nem queria.
.
Voltei e a garota estava beijando o cabeludo que me beijou no início,
o que empurrei.
Me sentei um pouco longe e abri as duas latas,
o cara estava bem "animado".
Bebia uma lata e a outra... as duas pela metade.
Olhava. Esperava.
.
Começou a levantar sua saia, a blusa já estava quase toda.
Passava-lhe a mão comose fosse arrancar-lhe a carne.
.
E a garota ainda sonolenta, aérea.
Levantei, fui em direção reta, bebi o resto de uma lata e deixei a outra no chão.
Comecei a alisar os cabelos do cara, que nem me notou. Puxei.
Ele olhou para trás
e pegou-me pela cintura, me puxando para junto deles.
.
A garota me viu, afastou-se dos beijos e sorriu um sorriso mole.
Ele beijava seu pescoço e descia a mão por minha cintura.
Ao redor olhavam com reprovação,
outros estavam se deleitando.
.
Então puxei os cabelos do cara com força,
forçando-o a parar com as carícias.
A garota empurrou-o e puxou-me para si.
Não beijamos. Apenas levantei-me e lhe
ofereci o resto do refrigerente. Ela bebeu.
.
Enquanto isso o cara tentava algo comigo, sem sucesso.
Puxei a garota e voltamos para a pista.
Dançamos mais, estava quente, abafado. Não ficamos muito tempo.
Só o suficiente para esquentar mais... e mais...
.
Outra música! Boa! Mas nem queríamos ouvir, me puxou para um puff mais escondido
e alí ficamos. Ora cantando, ora falando, enfim...
.
O lugar foi esvaziando. Saímos. Andamos vagamente, já era dia.
Tomamos café da manhã numa padaria e sentamos na calçada.
Conversamos, trocamos contatos e finalmente sabia seu nome.
.
Quero te ver de novo, me disse.
Também queria muito vê-la outra vez.
Sentamos em uma escada perto do metrô e nos despedimos.
Mas ainda fomos juntas de metrô, nos separamos e...
Eu fiquei com suas luvas. Como haviam parado alí?
.
Pouco depois uma mensagem:
.
"Devolva minhas luvas!
Agora temos que nos ver.
Ah! Não sou lésbica!
Mas quero sair com você de novo!"
.
Respondi:
.
"Será um prazer!
Também não sou, apenas gosto das pessoas!
Não escolho por quem vou me atrair."
.
Noite louca aquela.
E gostaria que tivesse mais dessas.
Não exatamente igual.
Apenas loucas.
.
Responde:
.
"PS: Você é linda!"
.
E você, era exatamente o que eu estava precisando naquele momento.
Linda... e louca.

* Conto adaptado sobre um relato. Em homenagem a uma grande amiga. Como pedido, aqui está.


Bi Manson

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Somente uma xícara


Ele era o tudo e ao mesmo tempo o nada.
Como um vaso chinês que não se
cansa de admirar os detalhes.
Era vazio e completo.
Simples e intrigante.

Uma pessoa acostumada a ser admirada,
elogiada... endeusada.
Eis que entra em sua vida alguém
que apesar da "perfeição" que pensava ser,
não lhe deu muita atenção.

Sua perfeição imperfeita...
ou imperfeição perfeita.
Isso que o diferenciava.
Dissimulado.
Misterioso.
Controlador, dono do jogo.
No começo manipulou...
e acabou sendo
manipulado.

O dono do jogo se tornou
um mero jogador de quinta.
Amarrado.
Submisso,
ainda que relutante.

No fim, pedia para não lhe deixar,
em palavras implícitas.
Mas que ficaria bem se o fizesse.
Mas não esqueceu.

Os dias passados ao seu lado eram frios,
quentes,
todas as emoções em um só instante.
Mil afinidades,
mas tudo tão... normal.

Apesar de não ser um cara muito comum,
excêntrico!
Falava coisas que se gostaria de ouvir,
proporcionava experiências extra-sensoriais.
De outro mundo.

Só podia ser de outro mundo.
Porém se tornou enfadonho como qualquer outro
que cruza seu caminho.

O zero absoluto e todas as coisas não
explicáveis estavam em sua essencia.
Uma presença que marca mas que não
deixa rastros.
Estando ao seu lado sente-se uma certa saudade,
mas na sua ausência pode até não se lembrar de
sua existência.

Foi um último encontro que me fez conhecê-lo bem.
Apenas avistá-lo e ser avistada.
Nunca conheci alguém assim...

Que quando lembrado é um círculo vazio,
quando tocado se torna o inesgotável,
algo que não cansa de ser explorado,
de explorar.
Como se o círculo duplicasse
e no enlace se forma o símbolo do infinito.

Uma xícara de chá...
quente, aconchegante.
Um aroma indescritível,
um sabor inigualável.
Mas não passava disso,
de uma xícara de chá,
que esconde todo o prazer
em seu último gole.

Bi Manson

domingo, 23 de agosto de 2009

... uma vez ...


Uma vez
De meus olhos saíram faíscas
Facas esvoaçantes

Para atingir um corpo aflito
Frígido e frágil

Que temia ser tocado
Temia sentir algo
Ansiando por seu deleite
Por vê-lo suplicando por um fim

Sentiria algum calor?
Provocara alguma dor?
Emanava ainda o medo

A pele se rachava
A tortura se elevava

Estava surtindo efeito
Sentia o afar de seu peito
E a respiração sufocada
[pelo desejo

"Dê-me seu beijo"
Pediu
"Me rendo ao desejo"
Sentiu...

Como jamais havia sentido
Casta e límpida era sua alma
Que agora ardia sem calma
Por ordem da luxúria e da libído

E assim, meu amigo
Adeus ao celibato
Adeus ao corpo casto

Sua alma é minha
Seu corpo me pertence
Provou um dos piores males
Vício do corpo e da mente

Viaje aos céus
Em busca de perdão
Que absolvam sua alma
Que tenham compaixão
.
Pois a carne agora é minha
Você há de concordar
Todos os sentimentos impuros
Não terá mais que guardar

Vinde até mim
Sempre que a volúpia clamar...
Bi Manson

domingo, 2 de agosto de 2009

Epifania


Epifania
Por um momento em minha vida
A tão triste e temida
Alegria, de não saber
Pelo que se deve viver

O simples sentimento de satisfação
Um mero pulsar de seu coração

Saber que viver é viver
E temer é para os fracos
A fadonha tristeza
Coloco-a na mesa
Junto a todos meus pesares
Às depressões e os males
Epifania é dançar
Epifânico é seu canto
Passageiro é seu encanto

Liberta a alma
Deseja ficar
Unida ao corpo
Não mais se esvair

Tema o medo de ter medos
Tema o medo de si mesmo
O medo da alegria

A dor é uma epifania
A cor é uma de suas liras

Dance a vida
Dance a morte
Viva o abraço
Viva o corte

Boas e más lembranças
É assim como se trama
A trança, dos cabelos
Da cabeça divina
A sina
Albina
A asa do anjo
Que acolhe
Que escolhe
Recolhe os medos
Os joga na escuridão
Que assombra a quem
Não, teve a epifania
De viver
Bi Manson

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Procuro




Um amor que já não há.
Ou talvez que esteja para chegar...
Alguém de quem possa lembrar.
Alguém que possa me acolher.
Uma alma onde eu possa recostar...
Numa sublime noite de luar.

A quem eu possa amar a carne.
Entregar-me por inteiro.
Apenas um amor sombrio.
Um lord, um cavalheiro.
Alguém que goste da noite.
Que se apaixone pela morte.
Que dance na lua comigo.
Que no frio me abrace forte.
Um corpo e uma alma gótica.
Uma mente um tanto erótica.

Aquela voz sussurada.
Aqueles olhos ternos.
Aqueles cabelos longos.
Aquele brilho eterno.


Bi Manson

...

Não deixe que minha vida se esvaia
Através de um feixe de desespero
Ou da lámina ardente de uma navalha

Não deixe que minha mente caia
Como as asas dos anjos no altar

E que meu corpo continue rijo
E não desfaleça diante dos pecados

Que meu coração continue frígido
Para que o corpo se torne amargurado

Para a escuridão ofereço um grito
Para que ilumine o caminho das almas perdidas
Para a terra ofereço o corpo vívido
Para que alimente a ânsia dos vermes

Aos amantes um beijo terno
Escarrado pela inveja
Viverei do escárnio eterno
Neste libertiginoso inferno


Bi Manson

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu sonhei um sonho

Houve um tempo em que os homens eram gentis
Quando suas vozes eram suaves
E suas palavras convidativas
Houve um tempo em que o amor era cego
E o mundo era uma música
E a música era excitante
Houve um tempo... e de repente tudo ficou errado
Eu sonhei um sonho em um tempo passado
Quando as esperanças eram grandes e a vida valia ser vivida
Eu sonhei que o amor nunca acabaria
Eu sonhei que Deus seria misericordioso.


Eu era jovem e não tinha medo
Quando os sonhos eram realizados e usados e jogados fora
Não havia resgate a ser pago
Nenhuma música sem ser cantada, nem vinho não degustado.


Mas os tigres vêm a noite,Com suas vozes suaves como trovão,
Enquanto eles despedaçam sua esperança
Enquanto eles tornam seus sonhos em vergonha
Ele dormiu um verão ao meu lado.


Ele preencheu meus dias com maravilhas sem fim,
Ele levou minha infância em seu passo
Mas ele se foi quando o outono veio.


E ainda assim eu sonhei que ele voltaria para mim
E que viveríamos os anos juntos,
Mas existem sonhos que não podem ser sonhados
E existem tempestades que não podem passar.


Eu tive um sonho que minha vida seria
Tão diferente deste inferno que eu

Tão diferente agora do que parecia

Agora a vida matou o sonho
Que eu sonhei.





Os Miseráveis


PS: Essa música é muito linda e muito tocante, tanto a original de Los Miserables, quanto a versão de Os Miseráveis. Tanto a melodia é simplesmente perfeita, e ganhou um toque especial na voz da cantora Suzan Boyle que teve seu vídeo assistido pelo mundo todo. E não poderia deixar de postar aqui o link para o vídeo dela:

http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo

Até Mais ver!

sábado, 16 de maio de 2009

Sublime Volúpia


Sim eu consigo sentir
O calor que emana de ti
Tão longe que não posso tocar
Tão perto que posso sonhar
O toque...
Me deixará sentir?

A pele macia que jamais esqueço
Os olhos de ressaca que olhando-os adormeço
A dor febril que tudo isso me provocará
São desejos incontidos que não posso camuflar

Renda-se ao toque de minhas mãos
Uma vez apenas para não se livrar jamais
Te prendo com minhas pernas para que não
Fujas e olhe para trás

São apenas gestos que queria lhe mostrar
São apenas angustias das quais queria me livrar
São apenas peles querendo se enlaçar
São apenas almas querendo se entregar

Sou apenas eu
Querendo ser sua
Lhe ofertando meu corpo
Que espera ser teu

Tocar a seda de sua pele
Inteiramente nua
Provocar os teus sentidos
Até que me possua

Alva pele que me encanta
Saliva doce que me afoga
Abraço ardente que me envolve
Mão macia que me afaga

Perfeito e surreal
E Não está a meu alcance


Bi Manson

Chá Noturno



Queimo meu corpo no fogo do delírio
Altas horas da noite
No meu quarto à meia luz
Olhando para o teto

E um anjo me espia
As janelas trancadas
Coisas espalhadas
E uma xícara de chá de lírio

A figura esguia de uma sombra familiar
Só mais um anjo que veio me guardar
Durante meus devaneios incansáveis

Mantenha-me quente
Sol da noite incandescente
Brilha e ofusca meu olhar
Vem de longe me buscar

Buscar meus olhos
Para que viajem
Através de outras dimensões
E vejam a realidade surreal
De um sonho inacabado
De um mundo nunca explorado

Anjos venham me acompanhar
Nessa noite fria de quase inverno
O uivo dos ventos já se escuta
A voz e pouca e quase muda

Mente psicodélica
Que insiste em criar
Alucinações intermináveis
Que tantam me alcançar

Num transe profundo
Me desligo do mundo
E mergulho no âmago de meu ser

Brisa
Tontura
Tortura
Faca
Sutura

Já não era sã
Já não era santa
Perdi o juízo
Me entreguei ao delírio

Meu quarto volta ao que era
A brisa se esvai
Meus anjos se vão
Antes beijam-me a testa
Me dão a benção

Sozinha novamente
Mergulhada em minha mente
Passam-se as brisas
Os delírios
Os devaneios
Porém não consigo me livrar
Do que mais tento

De mim
E de meus pensamentos



Bi Manson

domingo, 22 de março de 2009


Uma lembrança...
E um grito de angústia e dor
Rasgam o silêncio da alma
Um eterno ardor toma conta de meu corpo
Tudo volta à tona
como um dia adormeceu
Pensava eu
Que jazeria em paz
Em algum canto de minh'alma
Não era tão forte assim para ser guardado
Mas corroía e deixava suas próprias marcas
Duradoras
Esperava cicatrizar
Até que a angústia volta a me corroer
E a indecisão toma conta do meu ser
Não era tão belo
mas me cativara a tal ponto
Que quase cheguei à loucura
O corpo não quer mais esperar
A alma hesita em se entregar
Me diga uma só palavra sussurrada
Para que assim eu possa adormecer
Para que não possa padecer
Para que possa estar dentro de mim
Antes que o sonho tenha fim


Bi Manson

quarta-feira, 4 de março de 2009

E.Q.M.?

Você já sentiu como é a sensação de ter uma bala atrevessando seu cérebro?
Eu já.
Não foi no mundo real, não escapei da morte por pouco, foi somente um sonho.

Estava eu e meu primo, correndo e descendo uma grande escadaria de uma favela, correndo de uns traficantes ou bandidos. Quando parece que tropecei... mas na verdade senti uma agulhada na minha nuca, como se um feixe de luz atravessasse meu cérebro, fazendo cada migalha se espalhar na minha frente. Ví aquela massa cinzenta misturada como vermelho do sangue, por um momento não consegui me mexer e minha respiração foi se tornando cada vez mais difícil, uma tontura tomou conta de mim e perdi meus sentidos. Logo depois, não posso precisamente dizer quanto tempo se passou, rotomei minha consciência e tudo ficou leve... Somente vi alguém caído na minha frente, era meu primo. Perguntei se ele estava bem, mas não se movia... Quando de repente parece ter recobrado a consciência também e se levantou, mas seu corpo continuava caído no chão, olhei para trás e o meu também estava. Não sei dizer ao certo como, mas chegamos em um hospital. Lá estava minha tia, sentada preocupada, acho que não tinha recebido a triste notícia ainda. E nós tentávamos avisá-la, falar que "estávamos bem". E aí acaba o sonho...
Todo sonho que tenho acaba assim... vagamente, acho que quase todo mundo é assim... Mas uma coisa eu juro! Sentí o gosto da morte, senti como é morrer... a agonia que dá. Não sei se foi "real" ou não... Se foi somente um produto de minha imaginação, foi muito perfeito... E se foi um tipo de "viagem astral" foi estranho, porque sentí meu fio se desligando de meu corpo e isso só acontece quando morremos. E no dia seguinte acordei... e estou aqui... Se não tivesse sido um sonho... poderia considerar que tive uma EQM [Esperiência de Quase Morte] e não quero ter novamente...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Quando irei vê-la de novo?


Quando irei vê-la de novo?

Sinto desejo absoluto de profanar o âmago de sua alma
Cevar todos os desejos e devaneios incontidos
Deleite de sucumbi-la aos meus desejos mais retraídos

O tempo passa célebre
Como uma mata virgem a ser
Delapidada pela ação perdulária do fogo

Sendo testemunha um camafeu atirado ao chão
Que antes repousava sobre sua lúgubre tez
Aquele colo ardente e nu

Me era desconhecido, o que ardia
Por debaixo do tecido branco que Deus lhe dera
E que era a única camada que separava agora,
Meu corpo de sua alma

Quando voltarei a vê-la?
Irei vê-la de novo?

Não voltarei a vê-la...
Pois sua pele está inteiramente em minhas mãos
E seu bendito corpo jaz largado no chão

E ela é bonita por dentro
Seu sangue é reluzente
Veludo amargo e ardente


E não irei vê-la de novo...


Bi Manson