UM BLOG DEDICADO AO SURREALISMO DA MINHA MENTE. COM POEMAS, SONHOS E TEXTOS.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

E se a vida fosse uma batalha?


Já pensou se a vida realmente fosse uma batalha? Se tivéssemos que sair por aí com nossas cotas de malha, um escudo, um elmo e uma espada? Se tivéssemos que ficar alí na barreira de escudos, na primeira fila?

Já pensou?

Tudo seria caótico, porque nós nos perdemos, nos encolhemos, ficamos indispostos. Imagine você em meio a flexas cortando os céus, fogo e tiros de canhões. E então está lá olhando para cima com aquele olhar vago de que não queria estar alí, que preferia a tranquilidade de seu lar. Seus adversários com a sede de vencer vindo em sua direção e você sem poder fazer nada, com vontade de chorar.

Toda a gritaria e a multidão, caras de pânico, de sofrimento e você em meio a tudo isso, confuso e sem vontade de levantar um dedo sequer. Pois imagine. Não são todos os dias que acordamos para vencer. Nem os mais 'fortes' e mais decididos conseguem. Todo mundo diz e já virou clichê de livro de auto-ajuda essa coisa de que você tem que acordar pronto para vencer e para conquistar as coisas.

Não não é assim, um dia você acorda disposto e outro não. Temos é que saber balancear, inflar o ego machuca, esvaziá-lo, mais ainda. Então na dosagem certa achamos forças para enfrentar as situações. Você tem que estar preparado para saber lidar e resolver as coisas da melhor forma. Mas também sabemos que não é isso o que sempre acontece não é mesmo?

cá ente nós, somos humanos e está em nossa natureza irmmos para o lado errado, o tortuoso que vai nos enganar e fazer a gente se perder. Pois é. E para evitar tudo isso, o que nos resta é usar um pouco da razão, analisar, fazer experimentos. Porque a vida é um experimento, nela você tem as cobaias, tem os intrumentos para tirar amostras, e os equipamentos de análise. Basta vestirmos nosso jaleco branco da consciência e bora lá! Vamos ao trabalho!

Agora a gente volta na batalha, ainda bem que a vida não é assim. Muitos nem passariam pela primeira barreira de escudo. Muitos de nós iriam se abaixar, se entregar. Então não se cobre demasiadamente como se sua vida corresse risco todos os dias, sim corre. Ninguém sabe o que vai acontecer daqui a dois segundos. Mas viva na esperança de que fez o suficiente por hoje, por ontem e que amanhã acordará disposto ou não a fazer o suficiente pelo próximo dia. Vivendo um dia de cada vez.

O amanhã pode não haver, nem o daqui dois segundos. Mas para que pensar assim e se frustrar? Para que querer resolver tudo hoje se tem coisas que só o tempo pode curar ele existindo ou não. A chave é a paciência, a inteligência e a serenidade.

Essas chaves nem sempre estão alí debaixo do tapete da frente, como reservas. Às vezes tem que saber encontrá-las e quando encontram elas então num baú, que necessita de uma outra chave. E a busca pelas chaves é a busca pelo eu, pelo domínio de seus atos e de sua mente. Quando abrir o baú vai ver que estava tudo alí, agora ao alcance das suas mãos. E verá que as coisas ao seu redor têm mais brilho e as mais fúteis e banais podem não ter mais tanta importância, porque agora você é uma pessoa cheia, você pegou suas virtudes e soube usá-las para o seu próprio bem.

E eu acho que é nisso que a vida se resume, não numa batalha, mas numa busca pelo tesouro escondido.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sem sentido

Eu não consigo te dizer, se você não pode me ouvir. Se nossos corpos estão tão distantes e nossas mentes tão desligadas. Eu ainda sinto a sintonia... e não sei se você ouve a música pelo menos. Sim, ela deve tocar mais baixa mas ainda toca... eu ouço cada vez que fecho meus olhos.

Eu não consigo sorrir, se você não pode me ver. Seus olhos estão em outro horizonte e eu ainda lembro das cores cítricas dos nossos sonhos. Sinto a claridade indo embora mas aquela luz ainda brilha ao fundo. Não sei se você a vê, deve estar se extinguindo, mas ainda pode ver um ponto luminoso.

Eu não consigo exalar meu perfume, se tão longe está para senti-lo. Como se eu o mandasse através da brisa suave para que penetre pela sua ajnela e entre em suas narinas. Eu já não me lembro tão bem de seu cheiro, mas posso fechar os olhos e me concentrar. Abra a janela e respire fundo, ele vai chegar até você, quase que imperceptível, mas vai.

Eu não consigo mais saborear, se seus lábios se foram para outro canto. Se seu sabor saiu totalmente de minha boca, se não sinto mais o gosto de sua pele. Mas... movimento minha língua e lembro, de quando seus beijos eram o que me fazia querer ir além, de suas mordidas carinhosas e do sangue que eu te tirava num súbito prazer. Me desculpe, mas lembro do gosto do seu sangue, lembro do gosto da sua saliva e lembro de todos os gostos que você tinha. Aperte os lábios e sinta, você também se lembra, não por muito tempo.

Eu não consigo mais tocá-lo, se seu corpo vaga por algum lugar da cidade. Se sua pele macia está a sentir o frio da noite ou o calor do dia. Se suas mãos já não repousam sob as minhas. Se bem me lembro... ainda guardo no ventre o calor do teu toque, ainda guardo na pele as marcas todas, os arranhões apaixonados e todas as demonstrações de prazer. Tem coisas que me lembro menos, mas posso reconstituir seu corpo em detalhes e sei... você cerra as pálpebras antes de dormir e faz o mesmo.

Eu não posso mais senti-lo, se nossas almas já andavam separadas. Se dos corpos já não restava nada. E se da dor do partir já me calava. Aperto meu edredon e fecho os olhos como se fosse aparcer como num passe de mágica. Penso tão forte, como se assim fosse te contatar. Viajo tão longe, como se pudesse entrar no seu sonho. Choro tão singelamente, como se estivessem escorrendo de meus olhos as suas lágrimas. E vibro, na esperança que sinta um tremor, um calafrio... algo que te leve minha voz, meu sorriso, meu perfume, meu sabor, meu toque, minhas lágrimas e por fim minha alma... para dentro de sua mente.

Para que eu possa satisfazer todos os meus sentidos ao ver-te entrando em contato comigo. Ao ver seu sorriso prazeiroso de satisfação. Ao saber que nossas almas sorriram uma vez mais antes de suas mortes.

domingo, 30 de setembro de 2012

Awakening


Posso despertar agora?
Tem certeza que posso abrir meus olhos?
Posso voltar a sentir o ar na garganta?
Tem certeza que não vai machucar?

Posso suspirar?
Me promete que não sufocarei?
Posso sentir o aroma?
Posso tocar as flores?

Posso me mexer?
Sentir o fluxo do sangue em minhas veias?
Certeza...
Não vou me arrepender de empurrar esta tampa?

Pode segurar minha mão?
Já estou quente?
Posso sentir o sol?
Posso te olhar nos olhos?

Tem certeza que não vai doer?
Quando eu pisar na grama...
Quando eu sentir a brisa...
Quanto me sentir viva...

Certeza que daqui pra frente...
Nunca mais irá doer?

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Tristeza, apenas isso

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Vermelho como camarão

(...)
Andava com mania de suicídio e com crises de depressão aguda; não suportava ajuntamentos perto de mim e, acima de tudo, não tolerava entrar em fila comprida pra esperar seja lá o que fosse. E é nisso que toda a sociedade está se transformando: em longas filas à espera de alguma coisa. Tentei me matar com gás e não consegui. Mas tinha outro problema. Levantar da cama. Sempre tive ódio disso. Vivia afirmando: "as duas maiores invenções da humanidade foram a cama e a bomba atômica; não saindo da primeira, a gente se salva, e, soltando a segunda, se acaba com tudo". Acharam que estava louco. Brincadeira de criança, é só disso que essa gente entende: brincadeira de criança - passam da placenta pro túmulo sem nem se abalar com este horror que é a vida.

Sim, eu odiava ter que me levantar da cama de manhã. Significava que a vida ia recomeçar e depois que se passa a noite inteira dormindo cria-se uma espécie de intimidade especial que fica muito mais dificíl de abrir mão. Sempre fui solitário. Você vai me desculpar, creio que não regulo bem da cabeça, mas a verdade é que, se não fosse por uma que outra trepadinha legal, não me faria a mínima diferença se todas as pessoas do mundo morressem. É, eu sei que isso não é uma atitude simpática. Mas ficaria todo refestelado aqui dentro do meu caracol. Afinal de contas, foram essas pessoas que me tornaram infeliz.
(...)

Charles Bukowski

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Defenestrei-me



Quando acordei e vi que não mais vivia, apenas extendia minha existência. A cada segundo, a cada respirar. Olhei o espaço vazio na cama ainda com o formato de meu corpo. Por quanto tempo ficaria ali?

A chuva batia violentamente em minha enorme janela no décimo segundo andar de um prédio que tinha em frente à um belo parque. O meu apartamento era o último e o terraço me pertencia nas tardes quentes. Onde ficava de roupa de banho na companhia de meu querido amigo.

Tudo era amarelo e passou a ser cinza da noite para o dia. Tudo perdia-se em seu mais puro sentido. Nem palavras mais me vinham à boca, só me encolhia por causa dos trovões.

Acordei de um coma profundo de confusões e águas negras. Minha mente estava nebulosa e não me permitia pensar a não ser em coisas que já não existiam para mim.

Andei pelo apartamento chorando desesperada, meus ruídos abafavam o caos e o barulho da chuva violenta lá fora. Meu espírito se enchia de mágoas novamente, a cada dia tudo passava e se curava. E a noite tudo retornava em sua pior forma... Com o pior demônio como imagem. E eu o via ensolarado, como o mal nos aparece.

Deitei na cama ainda quente e me encolhi com meu milhares de papéis escritos, frases inacabadas, pensamentos interrompidos e lenços de papel. Uma carta rasgada ao chão, que estava alí há meses e não ousei recolhê-la. Quase que pus uma redoma para envolvê-la.

Me acalmava... vinham imagens lindas em minha cabeça. Assim ficava bem e dormia. Dormia e tinha sonhos ruins.

Acordava como sempre no desespero, já no meio da tarde, comendo meio pão, bebendo meio copo e corria de uma lado para o outro por nada. Sem um emprego, sem compromissos, somente enclausurada no décimo segundo andar. E essa vida não me cabia mais. Não era vida... era prolongar a existência. Na qual já não via sentido.

Me lavei, me penteei, me poli da forma mais bonita e fui olhar pela janela o crepúsculo deixava tudo amarelo, como era antes. Abri a janela e o vento era forte, levando meus cabelos longos para dançar com o vento. Meus óculos refletiam em seu vidro toda a paisagem amarelada.

Encantada com tudo aquilo. Me apoiei no pára-peito e senti a brisa mais fresca. Meus pensamentos clareavam e toda a névoa havia partido. Tudo era como nos dias quentes do terraço, com guarda-chuvinha no copo e tudo mais.

Uma figura me apareceu no céu, flutuando segurando balões coloridos. Meu amigo, ele tinha voltado e me estendia as mãos. Sorri incandescente e meus cabelos quase que me puxavam para fora, meus joelhos já se apoiavam no pára-peito e pessoas se aglomeravam no parque, olhando em minha direção.

Eu nada via, somente os balões reluzentes no amarelo do céu. As mãos queridas me chamando e meus olhos brilhando por trás dos óculos. Tudo se calou e o silêncio se fez música em minha alma. Estendi-lhe as mãos, me pus em pé e dei um passo adiante.

Tudo se tornou como numa foto Polaroid, amarelo-ouro e um tantinho de verde, num gradiente de emoções que faziam minha mente flutuar. Ele me chamou num gesto com um falar meio mudo: "Vem...", como diz à uma criança.

Esvaziei meus pensamentos, abri os braços, as pessoas gritavam. Sussurei um "eu vou"... mordi os lábios e apertei os olhos. Assim, defenestrei-me.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Carta à impotência

A pornografia me tira do tédio. Eu faço sexo com estranhos para não me lembrar de sua impotência diante de mim. Sua falta de caráter e suas caras monótonas. Eu me vendo quando sei que você não está querendo me comprar.

Fico horas olhando para você na cama ao meu lado imaginando formas de te matar. Formas de desligar seu corpo e socá-lo num freezer. Abrir quando sentir saudades.

Imagino quando eu te toco e você se esquiva como se eu fosse aquele velho pervertido que te tocou na infância. Tudo que tentei foi te amar e ganhei seu eterno escárnio.

Entro nos sites pornográfico equanto você toma banho, assim consigo ter algum prazer. E você volta nu e me encarando, sabendo que fracassa enquanto homem. Enquanto ser humano. Ah se eu estivesse falando somente de sexo.

Acesso esses bate-papos e marco encontros e você acha que estou sempre lendo meus e-mails, marcando visitas técnicas. Eu abuso da sua ingenuidade, da sua pureza e da sua burrice.

Faço sons exagerados quando você me toca, mascarando meu nojo. Me sinto sozinha estando ao seu lado, pois é tão nulo quanto aquele zero que se vai à esquerda, do qual podemos nos desfazer somente usando o ponto.

Te imagino chorando desesperado, fazendo drama ao saber que mantenho relações com aquele seu amigo. Quando nós transamos e eu digo seu nome e nós caímos sempre na risada.

Às vezes tudo me causa remorso e me pego olhando para ti enquanto fuma. Dou-lhe um beijo no rosto e sinto seu gosto insosso. Nunca tem reações, se parece com um homem de lata. Somente as tem quando te ameaço e se põe a tremer.



Como pode ser assim? Como pode querer viver assim? Sei que nenhuma outra pessoa te interessa tanto quanto eu. Mas gosta de viver consigo mesmo e de me prender em sua vida sem graça. Com seu sorriso sem graça. Com sua impotência diante de mim.

Sua irmã veio ao nosso quarto e fez o que você não faz. Eu comi aquela prostituta barata no dia que disse que ia sair com uma amiga.

Sexo... se fosse só isso o que procuro por aí. Você não me dá nada, nem o básico, nada meu querido. Tudo o que tenho é o que mendigo pelas noites, é o que compro, é o que vendo de mim.

Suas partes já adormeceram pois sabem que quando acordam não conseguem se manter até o fim. Essa é a sua forma de dizer que tudo acabou, mas é tão covarde que não consegue se desligar.

Já te disse adeus umas quinhentas vezes... E como uma garotinha assustada só sabe dizer 'não me abandone'. Não sabe viver abandonado à própria sorte, mas me limita a viver assim.

Estando com você ou com um dildo, não faz muita diferença, a não ser que o material é reciclável.

O inferno está entre nós a tempos e nossos anjos já foram prostituídos. Perdemos. Perdemos faz tempo meu querido. E onde estão os que virão nos escravizar? Os que virão pilhar nossos bens? Que virão estuprar nossas mentes com suas mentiras vazias?

Qual a próxima desventura? Com tantos pontos ruins ainda não vê que seu reino se desfez? Que suas crianças são vendidas para seu inimigo? que sua esposa dorme na cama de outro rei?

Está cego demais para ver além de seu próprio falo semi-morto.