UM BLOG DEDICADO AO SURREALISMO DA MINHA MENTE. COM POEMAS, SONHOS E TEXTOS.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Catrina

Trazida pelos ventos do norte
À esperar pela doença 
Já a amava desde criança 
Vestida como a morte

Trajada com a loucura 
Jogada à propria sorte
Com a vontade mais pura
De encontrar-me com a morte

Um rastro de esperança 
Foi esquecido em minha infância 
No porto sob o sol forte 
Esperando o beijo da morte

Como uma miragem no deserto 
Seu manto negro à flutuar 
Como que em transe adentrei o bote
Para com a morte desposar

terça-feira, 20 de março de 2018

Ruínas



Há mais beleza nas palavras tristes, nos sentimentos profundos e na destruição. Uma flor é bela por suas cores, por sua representação da vida. E uma ruína? Que sobrevive ao tempo, que carrega uma história, que carrega sua morte e vida a cada dia...? Sou minha ruína, carrego minha bagagem a cada dia, há quem queira terminar de me destruir, há quem queira me registrar. Ali vivo com meu passado e meus pesares, me alimento das lembranças, eu não queria ser um monumento que encerra toda beleza em si mesmo. Sou um símbolo, sou marca de um período, sou o que sempre quis ser...
A ruína dos amores e dos sabores de outrora. Podem me derrubar agora, ali estarei, no solo de qualquer outra edificação. Ser triste é mais profundo, é não se entregar às fúteis insanidades do mundo, é não se conformar, é questionar, é pensar, pensar, pensar... Por que não vieram me implodir? Eles devem enxergar beleza nas ruínas, devem enxergar a si mesmos negando suas frustrações. Sou o monumento da memória dolorosa, que todos tentam se esquecer. Há quem me chame nostálgica, sou apenas fragmentos dos sentimentos que enterrei antes do tempo, um túmulo das experiências não vividas. Sou meu próprio jazigo, me enterro em mim, me encerro em mim, me liberto... Enfim.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Desvanece



Era noite
Era dia
Era a madrugada
Distante e fria

Seu rosto desaparecia
A cada memória forçada
A cada lembrança inventada
A cada pedaço de vida

As horas passam
E me mantém ativa
O sono me abandona
Minha alma vibra

Ainda vive em algum tempo?
É noite ou dia?
É frio? É escuro?
Pois então me diga

Seu retrato não encontro
De tuas palavras não me lembro

Pois me diga pobre alma
Por que de ti não me esqueço?

Que valor tens eu não sei
O que és muito menos

Pois me diga
Por que...
Esquecer de ti não me atrevo?

Tens um trevo contigo
Mas a sorte não te acompanha
Tens meus sonhos, amigo
Ainda assim não me encontra

Se mostra distante
Sempre sem palavras
Eu avisto teu rosto
Mas nunca me aproximava

Ora! Estamos presos
Entre dois mundos
Entre dois planos
Duas frequências
Dois submundos

De ti amigo não me lembro
Nem sei de tua real existência

Mas sinto que sentes minha falta
E sinto tua presença

Em alguma lembrança sobrevive
E em meus lamentos mantém sua essência