domingo, 21 de novembro de 2010
Nero [e eu]
Nero me queima
Com a loucura nos olhos
Tocando sua lira
E com um sorriso incandescente
Nero me acendeu
E me pôs a dançar
Com uma das mãos me girava
Ainda a tocar
Incitava o caos
O fogo se alastrando
Senhoras pedindo
'Salvem a moça'
Me deixem queimar
Queimo em rodopios
Nero, querido
Toque outra nota
Está louca
Está morrendo
Dançando loucamente
Trouxe-me uma taça de vinho
'Beba, querida'
E o fogo consumia
E o corpo ardia
Toma-me!
Toca-me!
Queima-me!
Nero está em chamas...
E deseja queimar tudo ao seu redor
E o fogo consome
O monumento
A cidade
O homem
Nero dos olhos vermelhos
Do corpo queimado
Da lira em cinzas
Poeira nos ventos
Era Nero e eu
Loucos amantes do fogo
Tudo ruíra
Como nossa mente no chumbo
Como o vinho se espalhando
No silêncio taciturno