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sábado, 13 de setembro de 2014

O tempo, o ócio e o vento

  

Dalí de cima, o tempo não passava. Eu via tanto ao meu redor... tantos pedaços. Sentado na pedra mais alta, contra o vento morno. Ali ouvia sussurros, ouvia todos os sussurros do mundo.

Me espreguiçava e meus olhos umedeciam. O sol tentava trocar algumas palavras, o máximo que conseguiu foi me fazer fechar os olhos, numa careta ensolarada.

A falta do que fazer me fazia-me admirar as ondas lá embaixo, como cada curva lembravam aquelas camadas que escondiam as pernas das damas de outrora.

Belas damas! belos trunfos escondidos nas mangas!

Pendi minha cabeça pesada e cheia de problemas sobre meu braço. Eu queria paz, eu tinha, o que me faltava agora? As damas lá embaixo parecem me chamar para brincar entre as camadas de tecido.

Eu não quero é nada, o vento, o ócio, o tempo.

O tempo que pára.
O vento que sopra.
E o ócio que os move vagarosamente.

As aves que passavam em voos rasantes, como tentativa de me despertar. Ah! Já disse, não quero nada! E nem o nada me quer. Ele quer um outro nada, que o faça descansar de sua obrigação de nada afzer.

E o sono... a cada vez que piscava meus olhos me vinha a imagem do meu amigo. Aquele que me deixava sempre a esperar e... Nada.

Minha vida em si é um grande vazio. Um tempo sem vento, o ócio e o lamento.