domingo, 7 de junho de 2015
Do efêmero
Amor vão o meu
Que fora eu pra ti
Senão seu recipiente de sêmen e riso
Quem me dará vida num dia frio
Dei-te momentos
Dei-te calor
Dei-te prazer
Deite, meu amor
Sou pele pálida
Fria e pegajosa
Sem ti me acabo
Sem ti eu vago
Senti amargo
Abranda-me esta carência
Acenda o fogo de meus olhos
Sem decência
Sem presença
Foste morar noutro canto
Fora pra longe de meu pranto
Escarrou em minha alma
Levaste toda a calma
Saberá que um dia te amei?
Que de minhas terras te fiz rei
Que tu eras meu único
Que mesmo livre...
A ti me ancorei?
Pobre de alma estúpida sou
Podre por dentro
Teu mar branco me inundou
Tua alma de certo me adentrou
Pode tal criatura viver em paz
Se desde que ancoraste em meu cais
De toda a treva me libertou
E ao partir toda à ela me entregou
Visto luto por teu nunca amor
Visto luto por meu dissabor
Visto luto pelo não destino
Visto e luto contra o desatino
Sabendo que flor jovem eu era
Chamou-me pra travar esta guerra
Do sentir e não sentir
Do amar e não poder
Do conquistar e deixar morrer
Para que pudesse derramar em mim
Seus desejos em minha boca carmim
Os prazeres em minhas curvas tatuou
Minha alma com a tua tateou
Aqui estou para jazer em mim
O que um dia foi um vasto jardim
Cada gesto sincero teu
Fez-me provar o céu
De cada olhar brando
Do inferno trouxeste o fel
De toda minha lei
De todo meu encanto
De toda minha alegria
Sobrou-me este triste cântico